BANCO DE PROTEÍNA
Os bancos de proteínas são áreas destinadas ao cultivo e manejo de leguminosas e outras espécies ricas em proteína. Têm uma importância fundamental no suporte alimentar de caprinos e ovinos, particularmente para a caprinocultura leiteira, pois representam uma alternativa viável para substituição dos insumos mais caros das dietas que são concentrados comerciais.
A leucena é uma leguminosa arbustivo-arbórea perene, originária da América Central, sendo apropriada para a alimentação de caprinos e ovinos. É uma das forrageiras mais promissoras para o semi-árido, principalmente pela capacidade de rebrota, mesmo durante a época de seca, pela ótima adaptação às condições de solo e clima do Nordeste e pela excelente aceitação pelos ruminantes. Apresenta boa produtividade, podendo variar, de dois a oito toneladas de MS comestível e produzir até 750 kg de sementes/ha/ano. Análises das folhas e ramos finos da leucena apontam teores médios de PB superiores a 20%. Entre outras vantagens dessas espécies destacam-se a sua resistência à seca, e suas diferentes formas de utilização, seja para pastejo, feno, verde no cocho ou como aditivo enriquecedor de silagens. Outra vantagem é que a leucena pode ser colhida de três a cinco vezes ao ano, em regime de sequeiro.
A leucena pode ser cultivada em todo o semi-árido, mas é uma planta exigente e deve ser cultivada em solos mais ricos, como os aluviões, evitando-se os solos ácidos, pobres em fósforo e sujeitos a encharcamento. Para plantio recomenda-se o preparo das mudas três meses antes do início das chuvas (novembro-dezembro). Devem ser selecionadas mudas fortes, com cerca de 0,5 m de altura, nos meses de fevereiro e março. Essas mudas mais fortes resistem melhor ao ataque de formigas. Pode-se fazer o plantio direto com sementes na cova no início das chuvas, mas os cuidados com as plantas novas terão que ser redobrados. Normalmente as sementes apresentam dormência, o que acarreta baixa percentagem de germinação. Recomenda-se fazer um tratamento térmico antes do plantio, que consiste em colocar as sementes em água quente (80°C). Antes da água ferver desliga-se o fogo e mergulha-se as sementes por três minutos, retirando em seguida, e espalhando-as em piso limpo para secagem, podendo ser plantadas no dia seguinte.
Os espaçamentos de plantio mais recomendados, seja com mudas ou sementes são: para pastejo (2,0 m x 0,5 m e 2,0 m x 1,0 m) e para feno ou verde no cocho (1,0 m x 0,5 m).
Essas áreas de leucena são chamadas de “Banco de Proteína” e devem ser plantadas próximas aos pastos de gramíneas. Para o manejo colocam-se os animais no banco de proteína por cerca de duas horas por dia. A idéia é que essa forragem funcione como um suplemento protéico para os animais, devendo o pastejo ser rotativo quando as plantas atingirem 1,5 m de altura aproximadamente. Deve-se evitar o plantio da leucena consorciada com gramíneas, porque o manejo torna-se difícil em função de sua alta palatabilidade, uma vez que os caprinos e ovinos deixam de consumir a gramínea e podem matar a leguminosa pelo consumo repetido dos brotos e da casa. No manejo sob corte, para fornecimento verde ou para preparo de feno, recomenda-se cortar as plantas entre 20 cm e 50 cm do solo. Esses cortes promoverão rebrotas vigorosas de uma forragem de alta qualidade. A leucena pode ser ofertada diretamente para os animais de forma inteira ou triturada, ou ainda triturada e misturada com capim-elefante ou sorgo. Não se recomenda a utilização da leucena de forma exclusiva, pois ela também um aminoácido de chamado mimosina, que pode provocar intoxicações com queda de pelos e salivação. Caso esses sintomas se manifestem deve-se suspender a oferta da forragem e passar a utilizar outros alimentos. Essas intoxicações são raras e normalmente só ocorrem em casos de uso exclusivo.
Para se fazer o feno triturado de leucena deve-se escolher ramos finos com muitas folhas, com diâmetro inferior ao de um lápis, sendo material passado na picadeira e espalhado em terreiro cimentado para secar. No caso de feno de folíolos puros, recomenda-se o corte de ramos inteiros que deverão ser armazenados à sombra em algum galpão. Após três a quatro dias batido para promover a queda dos folíolos, o quais são coletados e colocados em saco.